quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Aquela caixinha;
Pego os retalhos e coloco todos
juntos naquela caixinha. O coração sofre, mas supera. Sempre supera. Os olhos
perdem o horizonte às vezes, mas há sempre um céu para o qual olhar. Agora,
pego a caixinha e guardo dentro da gaveta de meias, lá no fundo dela. Mal mexo
nas meias, não junto os pares em bolinhas, como quase todo mundo. Minha gaveta
de meias é meu mundo: desorganizado, uma confusão de pés e de histórias
furadas. Talvez a caixinha organize a gaveta. Talvez não. Talvez eu queira
organizar a gaveta, pra não fazer feio na frente da caixinha. Mas ela já me
conhece, faz parte de mim. Dentro dela estão os papéis borrados de lágrimas: as
cartas dela; estão as embalagens de bombons, as flores velhas e mortas como
minha esperança, as ervas secas de um chá que nunca será feito. A caixinha tem
o nosso cheiro, guarda nossos sabores, dói demais abri-la, como dói. Meus
sentidos vão voltando a mim como um vendaval, rápidos como o soco de um
pugilista e tão vorazes quanto. Fica aí, caixinha, fica. Guardada no fundo da
minha bagunça, escondida da vista e do coração. Não me importune mais, já não bastam minhas meias...
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