As horas entalam na minha garganta, meu amor, e assim os dias passam. Já
posso me convencer de que a febre das minhas madrugadas e de quase
todos os dias é saudade. Bem me alertou o médico uma vez de que a minha
saúde é forte, mas o que me mata é a emoção. Quem me deixa de cama, de
olhos sempre vermelhos, corpo cansado, cabeça pesada e respiração
ofegante, não é a corrida da vida, mas a emoção de tudo o que vivo.
Viver é isso, meu amor, quase me mata, ironicamente. Viver querendo,
precisando, pedindo, implorando, amando, é o meu suicídio declarado.
Então, eu te amo quase na cama de um hospital, que seja. Eu te amo na
minha falta de forças e saúde para o amor. Você não sabe das minhas
guerras particulares com a saudade, e não sabe porque a minha voz se faz
tão doce para ti que não há como saber. A saudade que se aloja nos
cantos da casa, da cidade e de mim, é minha inimiga, embora diariamente
eu tente fazer as nossas pazes e somente sentar com ela e contar sobre o
seu cabelo caindo pela minha mão, os seus olhos me encarando
desprotegidos, a sua risada que me tira de qualquer assunto, o seu
abraço que me salva de mim… Os seus detalhes que enchem a minha cama tão
vazia todas as noites. Saiba, porém, meu amor, que não desisto, que a
vida me assusta, mas não me vence. Saiba que os romantismos que aprendi e
para nada parecem servir, não morrem dentro de mim. As horas que não
passam pela minha garganta são o reflexo dos olhos marejados, do meu
desinteresse por quem quer me sorria. Eu não brinquei ao dizer que você
me levou. Se te espero? Eu só te espero.
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