domingo, 25 de novembro de 2012

Eu não tenho mais interesse em conhecer gente estranha e ouvir histórias novas só pra te contar depois. Sinto falta da minha necessidade constante em te procurar em tudo, querer você pra tudo, ter você pra tudo. Não sinto mais os pelos da nuca se eriçarem só porque tem você atravessando a avenida ou porque tem você destruindo a minha cozinha com uma receita horrível. O frio na barriga ao ouvir a tua voz ou ao ler o teu nome, enfim, desapareceu. O mundo voltou a ser o que ele sempre foi: chato, entendiante e bobo. Sem você, agora, eu não consigo mais gostar de qualquer ser humano anencéfalo só porque ele, de certa forma, tem algo que me lembra você. Meu coração deixou de se sentir tão grande, mas tão grande à ponto de não caber mais aqui dentro: agora ele bombeia o sangue do meu corpo sem jogar nas minhas veias hormônios de amor. Confesso, tenho que fazer um esforço maior pra sair de casa ultimamente. Meu quarto havia deixado de ser o melhor lugar do mundo e o sol tinha deixado de ofuscar a minha visão, mas agora tudo voltou ao normal. As cores não mais se misturam nos meus dias, a minha preguiça continua a maior de todas e a minha autoestima voltou à estaca zero, como sempre foi. Todo mundo comentava o quanto eu havia mudado, evoluído e andado pra frente depois que te conheci; agora eles passaram a me olhar com o mesmo olhar indiferente de sempre. Eu conseguia gostar deles porque tinha você, assim como eles conseguiam gostar de mim porque com você eu era alguém melhor. Até que tudo de maior importância passou a ser apenas tudo, sem tanta importância assim. Você foi embora, eu sei, mas o resto do mundo - que também inclui o meu coração - ainda não sabe. Eles me perguntam sobre você enquanto eu ando apressada e desesperada e morrendo e com medo de tudo, porque a sua ausência ainda é desesperadora no fim de cada 24 horas. Eu vou a festas, conheço pessoas, provo novas bebidas, dou gargalhadas e tudo parece tão bem. A vida se transforma em outra sem ser a minha, eu viro outra sem ser eu mesma e a terra muda de endereço pra outro planeta. Até que a noite vem e as luzes dos prédios se apagam, o cachorro da vizinha para de latir e as folhas das árvores balançam como se dançassem pra lua. E é aí, quando nenhuma estrela sequer ilumina o céu, que eu olho pra ele e sinto a sua falta. Ninguém entende, ninguém sabe, eu também não. É tão estranho ter o mundo nas mãos e, de repente, se sentir minúscula demais pra ele. E daí se esconde aonde?
Capitule

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