segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu não posso desenhar o nosso amor. Agora eu vejo ele pelas câmeras de um filme triste, melancólico e de produção barata. Eu não posso filmar o nosso amor para contradizer os cinemas. Eu queria poder desenhar e filmar, viver e te contar tudo, tudo o que não sabe sair pela minha boca, tudo o que eu olho diariamente com os meus olhos secos e cansados que te avistam em todos os cantos. Mas eu sei que você de verdade é inconfundível. Me escuta agora, amor, mesmo sem realmente me escutar… Me vê tentando te contar o tanto que eu queria poder nos contar, ainda que o segredo seja o nosso tesouro. Me vê sob a chuva lavando anos de erros, colocando em dia a lágrima da saudade, confundindo tristeza e euforia, misturando alegria e agonia. Me vê rimando e errando a próxima linha… Nem desenho, nem filme, nem música com os instrumentos que eu não sei tocar, somente você. E dizem que eu sei escrever, mas de que me adiantam as letras se a nossa distância não é de uma esquina? Vou aprender a construir pontes, equilibrar-me em aviões, nadar oceanos. Vou aprender a encurtar os nossos caminhos. Amor, amor, eu não tenho noção do que digo, passeio em outros mundos procurando as suas mãos, tudo de olhos fechados. Já passou da meia-noite? O meu relógio parou na sua última palavra, que já faz algum tempo. O meu bom senso parou nos seus olhos há um tempo. O céu não está estrelado hoje, faltam brilhos, meu amor, e eu quase tenho certeza de que você os roubou. Vem aqui me trazer de volta toda a luz de uma noite que nunca se acaba… Vem me olhar com aqueles olhos de quem não sabe dizer o quanto me ama, mas eu sei: ama. Nós entendemos de sentir. Qual é a nossa rua? Qual é o nosso destino? Qual é a nossa casa, as nossas cortinas, as cores das nossas paredes, o tamanho da nossa cama? Qual é o preço do nosso amor? Dos milhões que não tenho no bolso, pago todos. Das dores que tenho na alma, aguento uma por uma. Só me diz, amor, diz que vem, diz que isso passa, diz que o bom senso volta, que “tu” voltas, que isso nunca se vai. Mas não promete, deixa a promessa falar olho no olho. Então, me diz se é loucura pensar demais e se um simples desenho seria menos vergonhoso. O que você acha? Às vezes, por necessidade ou dificuldade, as minhas palavras passam dos limites. Quem dirá que eu tenho culpa por amar? E lá vem outra rima querendo me atropelar, me fazer poeta quando desgraçadamente eu nasci qualquer outra coisa! Lá vem você guiar a ponta dos meus dedos até os verbos mais corriqueiros. Não faz sentido sentar, escrever, querer desenhar, chorar com um filme dublado… Eu já vivi tantos tempo sem emoção que agora me esqueço de barrar o sentimentalismo e deixar do peito para fora o afobamento pelo amor. Se o céu não tem estrelas, se você ainda não veio, se eu não sei desenhar, se me impeço de rimar, se o “se” me torna uma grande repetição, que horas a gente se vê mesmo? Que horas o meu nexo retorna e o seu beijo cura as minhas loucuras? Eu nunca perguntei tanto. É isso? O amor é uma eterna pergunta? Dane-se, meu amor. Eu só soube te escrever como resposta.
Camila Costa

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