Nem nas minhas criatividades mais longas e distantes eu poderia nos
imaginar. Quem quer que diga que adivinha o futuro, aposto que também
não nos imaginaria. O que é raro é bem guardado, não é? A surpresa vem
do fundo, do inesperado e daquilo que, superficialmente, vê-se quase
nada. Depois a gente vai adentrando aquele mundo e descobrindo mais da
outra pessoa e de si mesmo. Descobertas que eu, você e o mundo todo
morre de medo. A nossa covardia acaba nos levando adiante, a sua mão que
eu encontrei no meio do caminho é tão nervosa quanto a minha, eu sei.
Perder o controle é tão típico do amor… Perder a noção do tempo, perder a
cabeça, perder a segurança, perder o caminho de volta: perdemos muito
para ganharmos no amor. Ainda não há lucro ou vantagem maior, não se
produziu nada que vencesse ou que nos tirasse mais de nós mesmos. Nunca
se sabe de onde sairá o par da nossa vida ímpar. E comigo, quem poderia
adivinhar? Contigo, quem? Conosco, nesse nosso plural bonito: quem? Você
não me inspira textos. Você me mata de saudade que brota em palavras.
Você cala a minha solidão e dá voz aos meus sonhos. Mas, afinal, quem
pode nos adivinhar daqui para frente? Vamos escrevendo a história que
nem nós imaginávamos e estendendo um dia a mais tantas páginas e
memórias. Se me perguntarem de qual história eu gosto mais, direi a
nossa. E se perguntarem como é a nossa, direi que nem a gente sabe. Lá
do alto, de onde ninguém pode nos ver, eu te digo - com a voz que você
tanto diz gostar -, meu amor: a nossa previsão é de muitos beijos em
chuvas de verão.
— Camila Costa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário