Tô aqui com a caneta na mão e o verso do papel da lanchonete porque
resolvi escrever pra você na Rua das Flores. E o nome da rua é esse
mesmo, não é pra ficar mais bonito (ou piegas) não. É que eu tava
sentado nessa tal lanchonete e a garçonete tava usando o seu perfume.
Daí já sabe né? Bate em mim aquelas coisas que a gente vê em música por
aí. E eu bem coloquei um pouquinho de Caetano pra tocar na hora que a
moça saiu pra tudo ficar um pouco mais dramático e eu querer chorar. Mas
eu não chorei, senti vergonha. A moça já estava me olhando estranho de
tanto que eu olhava pra ela com aquela cara de pidão. E o que eu queria
pedir mesmo era um beijo. Dela não. Um beijo seu. É que, sei lá, não sei
o que me dá. Amor deve ser isso, esse eterno “não sei o que me dá”.
Porque, você veja bem, é cada coisa besta que a gente faz quando gosta
de alguém (que eu faço quando penso em você) que, sinceramente, eu não
sei o que me dá. Agora dá saudade, disso eu sei. Perdoa essa coisa toda,
mas a folha tá acabando e só vou ter outra se comer outro pastel e o
dinheiro tá curto. É, eu consigo estragar todo romantismo mesmo. Te amo
(como antes, mas diferente).
— Aquele velho vício de sonhar, Sfocare.
— Aquele velho vício de sonhar, Sfocare.
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