Vá, cumpra os seus horários e faça os meus. Diga os seus “bom-dia, boa
tarde, boa noite” e guarde os meus. Ande pela calçada, pelo meio da rua,
pela estrada ou pelos paralelepípedos, e traça os meus passos.
Despeça-se do pai, da mãe, do irmão e do porteiro, e jogue fora o meu
adeus. Cante a música do carro que passou, do telefone que tocou, do
fone no seu ouvido, e me cante aquela que ninguém cantou. Viaje para
fora, para dentro, para o quarto ou para a lua, e reserve a minha
passagem. Minta sobre o atraso, sobre a conta ou sobre a nota, mas não
minta sobre nós. Fale de si, fale dos outros, mas não fale de nós.
Esqueça a chave, a carteira e o compromisso, mas não me esqueça quando
eu me esquecer. Vá, mas decore o caminho de volta, todos os dias.
— Camila Costa
— Camila Costa
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