terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Vá, cumpra os seus horários e faça os meus. Diga os seus “bom-dia, boa tarde, boa noite” e guarde os meus. Ande pela calçada, pelo meio da rua, pela estrada ou pelos paralelepípedos, e traça os meus passos. Despeça-se do pai, da mãe, do irmão e do porteiro, e jogue fora o meu adeus. Cante a música do carro que passou, do telefone que tocou, do fone no seu ouvido, e me cante aquela que ninguém cantou. Viaje para fora, para dentro, para o quarto ou para a lua, e reserve a minha passagem. Minta sobre o atraso, sobre a conta ou sobre a nota, mas não minta sobre nós. Fale de si, fale dos outros, mas não fale de nós. Esqueça a chave, a carteira e o compromisso, mas não me esqueça quando eu me esquecer. Vá, mas decore o caminho de volta, todos os dias.
Camila Costa

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