Um fim pode destruir muita coisa.
Destrói todos os dias felizes, todas as coisas legais que o outro
ensinou, todas as vezes que esteve ali. Que importa se o outro segurou
as pontas quando você achou que não iria aguentar? Que importa se te fez
sorrir em um dia sem graça? Que importa se te abraçou e deixou que você
desabasse enquanto te mantinha em pé? Depois do fim, vira só ex. E ex a gente não quer ver nem pintado de ouro. Não é?
Acabou e isso excluiu tudo de bom que aconteceu.
Não deu certo no final, então quer dizer que não deu certo nunca. E aí
surgem aqueles discursos batidos de sempre. “Perdi tanto tempo com ele”;
“tanto tempo pra não dar certo”. Eu não entendo qual o conceito de “dar
certo”. Dar certo envolve final feliz, é isso? Porque, até onde eu sei, final feliz é coisa de historinha pra criança dormir.
Deu certo.
Deu certo durante os dois meses que vocês ficaram juntos. Durante os
seis meses em que juraram se amar. No ano inteiro que compartilharam uma
história. Nos cinco anos em que dividiram sonhos, planos e objetivos. Deu certo, só não foi eterno. E o que é eterno?
Só
não acho que só porque acabou, você tem que odiar quem um dia você
jurava te fazer feliz. Não querer mais ver, não querer mais ter na vida:
tudo bem. Quando vira ex, a gente quer mesmo distância, senão
continuaria sendo atual. Mas por que não lembrar do outro com carinho,
nem que seja um pouquinho? Ele já nos fez feliz um dia.
E
se foi tão ruim, se foi sempre tão triste, tão pesado. Se o namoro foi
sempre uma merda, se o outro nunca esteve disposto a nada, nunca te fez
sorrir, nunca segurou a barra, nunca serviu de colo. Se o outro nunca te fez feliz, aí é que não dá pra sentir ódio dele mesmo. Afinal, ninguém te obrigava, sabendo de tudo isso, a namorar uma pessoa assim tão horrível. Quem aceitava e namorava esse cara aí era você. Só você.
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