segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

- organizando umas coisas aqui;


Alô? Oi, sou eu novamente. Já deixei pelo menos uma dezena de mensagens na sua caixa postal e você não responde. Se não quiser responder, por favor, pelo menos diga isso.
Ontem estava organizando umas coisas aqui e achei alguns livros e CDs seus. Quero que saiba que pode passar aqui para busca-los quando quiser. E se quiser, pode entrar e ficar um pouco, e pode me contar como vão as coisas, e podemos fingir que está tudo bem... só por uma noite.
Recebi uma proposta para trabalhar bem longe daqui, e vou aceita-la. Parto em dois dias e gostaria de você viesse logo, gostaria que você viesse me ver com a desculpa de que veio buscar suas coisas. É, seria muito bom.
Ontem assisti novamente a meu filme preferido, e pausei na parte em que o personagem dizia mais ou menos assim: “Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer.” Aquelas palavras nunca fizeram tanto sentido. Eu sabia que não merecia seu amor, e por isso não lutei por ele. Achava, ou melhor, tinha certeza que você merecia alguém melhor. Mas hoje estou com medo, medo de que esse alguém não te ame pelos motivos certos. Pelos motivos que eu te amei. Ah, esquece. Nada disso importa mais.
Talvez o que eu tenha feito pensando ser amor não passasse de egoísmo disfarçado. E essa possibilidade me remói por dentro a ponto de me enlouquecer. Meu coração se agita como um animalzinho assustado, eu só queria poder pegar ele no colo e acaricia-lo indicando que ficará tudo bem. Mas a verdade é que ainda
estou tentando entender esse negócio de “ficará tudo bem”. Eu só não queria ter que esperar o final para que tudo fique bem. Eu só queria que tudo ficasse bem logo.
Um dia, quando estivermos velhinhos, provavelmente acharemos tudo isso uma grande besteira. Um dia, lá na frente, talvez nos olhemos sem a necessidade de fingir não conhecer um ao outro. Um dia, talvez, eu entenda porque me sinto tão sozinho mesmo rodeado de gente. Um dia, talvez, essa solidão não me assuste tanto.
Mas não quero pensar em nada disso por hoje. Só quero esquecer que eu sou eu e você é você. Só quero que, só por esta noite apenas o amor nos baste. E eu sei que você está escutando essa mensagem, sei que escutou todas as outras. Sei mais sobre você do que sei sobre mim. Só não sei como lidar com isso.
Mas se não quiser vir tudo bem, eu entendo. Eu sempre entendo mesmo nunca entendendo de verdade. A caixa com suas coisas ficará na recepção, peça ao porteiro. Lá tem alguns livros seus, alguns CDs de cantores que sempre odiei, algumas fotos que sobreviveram as noites de fúria e tudo mais que sobrou de nós.

“Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer...” talvez seja isso. Talvez eu não acredite merecer o amor de alguém, só preciso de tempo para entender isso.
Se cuida, por favor, se cuida. Prometo que vou tentar cuidar de mim.

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