Às vezes vejo uma pessoa na rua e sinto vontade de casar com ela.
Queria poder me aproximar e fazer algumas perguntas. "Oi, que horas eu posso entrar na sua vida?" Poderia ser uma delas. Queria saber o que ela acharia de fazer alguma coisa adulta tipo tomar sorvete numa tarde sábado. Queria saber se ela se incomodaria com meu jeito espaçoso de dormir. Queria fazer com que ela soubesse o quanto ela fica bonita com aquela roupa. E com outra. E de pijama. E sem roupa também. Aí eu fico olhando e me perco pensando como seria a gente se beijando. Olho para o cabelo e sinto vontade de puxá-lo. Olho para os movimentos dos braços ao caminhar e penso como seria me enroscar num abraço. Às vezes vejo uma pessoa na rua e sinto vontade de casar com ela. Queria poder perguntar como foram as vezes que ela sofreu; talvez saber detalhes das bocas que beijou e do por quê não tem mais pra beijar; talvez saber detalhes das vezes que chorou só pra eu saber o que não repetir pra que não chore de novo. Às vezes vejo uma pessoa na rua e sinto vontade de casar com ela. Daí eu fico olhando a roupa que ela escolheu pra usar e que acabou me encontrando assim sem querer nessa cidade. Penso se já teve alguém que já a abraçou com aquela roupa. Penso se alguém já elogiou. Eu queria me aproximar e falar algumas coisas. "Sabe, hoje você acordou pra alguém te dizer que você é muito bonita. Não sei se já te disseram, mas eu quero a minha vez; esse alguém sou eu." - e depois ir embora. Tem coisas que a gente precisa contar, tem coisas que as pessoas precisam saber.
Às vezes vejo uma pessoa na rua, no metrô, no trânsito, no shopping, enfim, e aí sinto vontade de casar com ela e de que ela soubesse disso, nem que não queira também.
- Um travesseiro para dois.
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