segunda-feira, 1 de abril de 2013

 
Eu fugi o dia todo. Meus dedos coçaram, o coração inchou e a alma queria sair do corpo. Não queria escrever. Não queria, merda. Sei que nunca fui de escrever ‘’merda‘’ em nenhum de meus textos, mas estou saindo de todos os meus padrões, isso nunca me levou a nada. Não vejo mais beleza nesses textos melosinhos falando desse amor louco que sinto por você. Pode ficar tranquilo, o amor não acabou, só não é tão ingênuo. Escrever sobre você dói em mim e você não precisa se sentir mal por isso porque eu preciso escrever, prefiro perder a capacidade de falar do que deixar de escrever. Me deixa te escrever pra sempre mesmo que você não me leia. Mesmo que você finja não me ler. Mesmo que minhas palavras sejam um soco no seu estômago e você só recupere depois de fingir que esqueceu, mas você vai lembrar, nem que bêbado numa noite fria. Eu sei que te toco. Te toco fundo. E é por isso que eu não queria escrever, não queria que essas palavras tocassem o papel, não queria que eu te tocasse tanto, já que eu não posso ficar. E quer saber? Passo os segundos do meu dia tentando te entender, tentando enxergar as entrelinhas de cada frase mal dita sua. Você é todo feito de contradições, me diz, como é que eu vou conseguir seguir em frente, como é que eu vou enxergar a luz se você me puxa para os seus becos escuros? Eu preciso entender, Gabriel. Eu preciso entender toda a parte escura para eu poder ver o que eu posso fazer para trazer o amanhecer. É aos poucos que tudo começa. Aos p-o-u-c-o-s, vou falar bem devagarzinho. Me ajuda porque eu já estou cansada de remar sozinha. Mas sabe onde começa o desespero todo? Você já sabe de tudo isso. Você já sabe que me tem. Ah, vamos, para de bobagem, você já sabe que eu sou toda a seu favor. Que meu time favorito é o mesmo que o seu. Que eu faço o seu prato favorito a qualquer hora para te agradar. Que eu te dou flores mesmo você sendo um homem. Que eu mudo para a sua cidade. Que eu faço sexo, amor, transo ou sei lá do que você quer chamar no calor do momento, em qualquer lugar. Que eu te faço carinho nas costas bem de leve. Que eu ouço você chorar. Que eu te dou presentes fora de data. E o mais importante: que eu acredito em você, como você sabe. Só que você tem que parar com isso de me amar agora porque você não quer me deixar ficar com você e não quer que eu vá embora. Não consigo te entender. Por que não me diz que tem outra mulher? Que não me deseja mais? (para de me olhar com essa cara de: deixa de ser idiota, minha mão ainda lembra o contorno da sua nuca.) Por que não fala que vai tentar me esquecer? Que não me ama mais da mesma forma? Não chora não vai, não era para ser um texto meloso. Para ser só um pouco sincera era até pra falar algumas putarias. Tipo como eu adorava quando você falava que eu fazia gostoso e todas as sacanagens do momento. Como era magnífico sentir nosso suor se unindo em um só e como era bom chupar cada parte sua. Chupar. Escroto? Para mim, íntimo. Gozar junto? Estado de cumplicidade total. Tão nosso. Agora me diz, como eu vou ser de outro? Como? Eu sou sua cara. Você não tem medo de me perder? Eu não sei por quanto tempo eu vou continuar aqui estendendo a mão para você, mas eu ainda estou aqui, você não enxerga? Eu estou exausta, eu estou perdida, eu estou afundada esperando você. E sinceramente estou com medo de que você não apareça e eu tenha que me virar sozinha. Já pensou se a roda gigante da vida me obrigar a te superar? Por favor, não deixa. Não desce da minha roda gigante. Paga outra ficha, não desiste de mim. Eu tô implorando de novo não tô? Não tem jeito pra mim. Eu também tô cheia de poços negros, preciso de ajuda, mas eu queria a sua ajuda, não acredita nesse tanto de droga que eu escrevo, eu não sei de nada, não acredita em um escritor, sabe essa pose de sabichão? Ninguém sabe de nada. Tá todo mundo esperando ser salvo pelo amor. Não fica intimidado por essas mil palavras e essas incontáveis letras, a verdade só você e eu sabemos. A verdade está no beijo que não demos ontem. Eu queria te pedir para me libertar. Para libertar meus sonhos, para me deixar voar. Para levar a exaustão da minha mente. Você me dói tanto, não saber o que vai acontecer amanhã me dá um desgaste físico e mental que você nem imagina. Sabe, eu aguentaria tudo, menos aquele ‘’adeus’’. Palavrinha filha-da-puta. Você se desligaria algum dia de mim? Não quero te perder pra sempre, mas também não sei se quero ser sua amiga. Amizade, sério? É pra rir? E esse calor feito um arrepio que passa de você para mim? (ou é de mim para você?) Amizade? Em que planeta? Tem jeito não. Não me conformo com o nosso fim porque sempre estive aqui disposta para cessar os seus medos. Por que você olha tanto para os seus defeitos e suas crises e não repara no seu poder de analgésico? Não quero ninguém perfeito. Quantas vezes eu vou ter que gritar para o mundo que é você quem eu quero para enfrentar meus dramas diários? Que dia você programou no seu calendário para acreditar? Não dá mais para ficar chorando escondida nesse quarto quente. Você algemou os meus braços, estou de mãos atadas. Agora é você que escolhe se vai ou se fica, meu coração já não aguenta mais essa dor que agoniza, não demora que minha espera já foi longa demais.
Alumbrar.

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