Nós até parecíamos aqueles casais bonitos de filme, que as pessoas
torcem pra ficar juntos no final, que os sorrisos combinam como se os
rostos fossem alinhados em uma simetria previamente calculada, perfeita
para fotos em álbuns de família. Naqueles dias em que achamos que a vida
era pouco e que era bom de pensar “queria ter te conhecido desde
sempre, desde que nasci. Perdi tanto tempo longe de você.” você me
abraçava com tanta força que eu ficava com medo de escorrer por entre
seus braços, e ficava com os olhos tanto tempo fechados, em beijos mais
longos que as próprias horas, que eu até esqueci meu medo do escuro.
Hoje a vida parece longa e o amor ficou só nas cartas e nos filmes, como
um cartucho gasto antes do tempo, na hora errada, antes da hora. Me
adiantei demais em dizer? Em querer, em pedir? Os dias agora passam pra
lugar nenhum. Talvez passem pra algum lugar onde a vida seja realmente
curta demais pra nós, mas passa direto pela gente, passa correndo. E
agora ficamos aqui, pra trás, sem carona pra perseguir os dias que foram
bons e os que seriam e não foram porque a gente cansou de correr. Mas
se amanhã não for tão tarde e nem nossa história longa demais, volta pra
me dizer bom dia com o sorriso de sempre.
(e eu te chamo de amor como se esses dias do meio nunca tivessem existido)
— Mas se amanhã não for tão tarde. Daniella Leal.
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